sábado, 10 de outubro de 2009

Minha imaginação, o meu mundo perfeito havia sido assassinado naquele presente momento. Eu não gritava, minhas lágrimas eram extremamente silenciosas. Eu não entendia porque aquele senhor não despertava do seu sono, afinal...
-Ele só estava dormindo, não é papai?- Eu repetia isso diversas vezes.
O chão passou a ser um manto vermelho. Um vermelho sangue, assim como a cor do automóvel. O piloto não destruiu apenas uma vida com a sua imprudência, ele também fez com que sonhos, expectativas morressem junto com aquele corpo. Para todos os seus amigos, filhos, netos, a todos os seus familiares agora só restavam lembranças, lembranças de uma alma, de um corpo, de um homem. Ele não tinha fama. Não escrevia, não era ator, escultor, ex jogador de futebol, nem pertencente a mais alta sociedade. Vestia-se com simplicidade. Trajava uma calça preta e uma camisa de manga xadrez. Seus sapatos eram notavelmente feitos de um couro desgastado. Segundo a revista dos policiais na sua carteira continha apenas alguns documentos, algumas moedinhas e fotos três por quarto dos seus dois filhos e seus três netos. Junto a um calendário antigo havia uma foto da sua amada. Seu nome ninguém sabe, assim como ele para muitos só seria a lembrança de José Benedito da Silva. Um homem que foi vítima da irresponsabilidade de outra pessoa.

Continua...

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